Há coisas que me deixam estupefacta como simplesmente ter o meu ipod em shuffle, ir dar um passeio enquanto fumo o meu cigarro e o gajo injectar-me com tudo que eu, sem saber, gostaria de ouvir.
Começa com Starálfur dos Sigur Rós… Inicio com um “que bem que se está a caminhar com este tempo que nem chove, nem faz calor, nem faz frio.” Pensamento longe, com nada de especial ou de concreto, apenas atenta na magia do som que estes senhores criam e nas emoções que segundo a segundo vão despertando.
Depois, altera o “mood” para They gave you a heart, they gave you a name dos Ladytron... Alto - aqui fico mais introspectiva - o ipod confronta-me com outra realidade. Este álbum ouvi-o numa fase mais 8 ou 80 da minha vida, em viagens fora de hora a meio da noite, rumo a perdição, quase que perdida na tentação… Ainda assim, a medida que ouço, perco-me entre a música e as memória, entre a mensagem e a lição aprendida.
Bom, o ipod parece adivinhar e emenda a seguir com a Bright Lights dos meus Placebo. Aqui, confesso, sorri para ninguém e olhei ainda para o céu, a sorrir, antes de entrar no prédio. Este álbum apresenta igualmente uma fase da minha vida, um quanto posterior a anterior e bem mais leve… Placebo no entanto é o que eu chamo de “terapia” e não tenho como, (nem quero, não me atrevo e nem conseguiria) explicar o que isso poderá querer dizer.
O que eu chamo mesmo de “cereja no cimo o bolo” é a música com que me presenteia quando, no meu 11º andar e enquanto olho pelo meu terraço, me descalço – Galapogos dos Smashing Pumpkins… Ora música que ouvi e vivi, longos anos atrás, nesta mesma zona da cidade, neste mesmo bairro… E agora aqui, anos depois, nostálgica a olhar para a minha escola secundária e a lembrar quando era uma menina!
Agora permitam-me, há coisas fantásticas não há?