quarta-feira, maio 06, 2009

Flores no caminho (15/08/08)


"Menina,


Se algum dia a vida parar de te pôr a prova... deixaste de viver.Se algum dia conseguisses prever o desfecho do teu dia de hoje, eu diria que nesse mesmo dia apostarias no euromilhões e o ganharias...

Saiste para trabalhar, curiosamente para fora do Porto e para uma jornada que ultrapassaria o teu normal horário de trabalho... e já nisto as novas emoções superaram as tuas expectativas para o dia. Chegas ao Porto e quando estás a porta do teu carro, conforme rotina diária, começas a retirar os telemóveis e as chaves... quando reparas, que ainda em tom silencioso estás a receber uma chamada. O NÚMERO estava a ligar-te, atendes ainda perdida no tão pequeno (e ja excessivo) acumular de pensamentos. Conversam coisas banais, enquanto retiras o outro telemóvel - chamada não atendida tambem DO NÚMERO.

... de facto conversam, mas não te sai da cabeça a ideia da anormalidade da situação... visto os últimos acontecimentos...

Confrontas a chamada, respondem-te com um "onde estás?" ao qual obviamente respondes... De seguida dizem-te que estão a tua espera e inocentemente em pleno parque de estacionamento olhas para a entrada na tentativa de reconhecer a cara DO NÚMERO com quem estás a falar. Não encontras. Mais conversa e tens a informação que estava sim a tua espera, mas a porta de tua casa.

Vais para casa, na "viagem" tiveste tempo mais que suficiente para mandares as vozes dentro de ti darem uma volta... aumentas o volume do rádio... Evitas qualquer linha de raciocínio relacionada com aquela chamada e tentas (tentas!) minimizar o sucedido. Enquanto estás nesta luta e procuras músicas no ipod para auxiliarem o processo (que aparentemente sempre que precisas "daquela", não encontras) - chegas a casa.

Sais do carro, diriges-te ao carro DO NÚMERO, e a medida que te aproximas reconheces o tão dificil de esquecer rosto (que ainda vês mesmo com os olhos fechados). A única coisa que jamais poderias reconhecer seria o ramo de flores que trazia no carro, para ti... Ficas imediatamente sem jeito antes mesmo de lhe dirigires a primeira palavra pessoalmente. Pequenos tremores dentro de ti tentam acelerar-te os pensamentos numa tentativa de dedução de toda aquele cenário... Mas congelas... tens medo de assumir qualquer linha de racionínio... como bem sabes a ressaca é fodida e qualquer gesto mal interpretado é equiparada a uma queda de cavalo...

E bem fizeste tu... o tão mítico símbolo dos romanticos altamente apaixonados não se aplicava, excepcionalmente, a este ramo de flores... Rapidamente foi-te explicado que seriam sim um gesto de carinho e pedido de desculpa por uma desvalorização a tua pessoa algures num passado recente. Nada relacionado sequer com tudo o que te atormenta. Seguiu-se ainda uma conversa controversa sobre passado... a qual, sei-o eu tão bem, não facilitaste a aborgadem, por 1001 motivos... Tinhas as palavras ali, todas devidamente alinhadas e o silêncio foi o unico que se pronunciou... Desconversaste...

Tudo que se seguiu de pura normalidade...

Agora que estás em casa... Porque é que um ramo de flores não pode ser só um ramo de flores? Porque é que uma conversa sobre relacionamentos passados não pode ser só isso, uma conversa? Porque é que te martirizas no desmembrar de todo o acontecimento? A tentar adivinhar o impacto que tudo isto tem nele?

Eu respondo-te:Porque no fundo vivem momentos de plena felicidade numa realidade completamente transfigurada... E isto tudo num passado seria suficiente para hoje estarem juntos... Ninguem te disse que seria fácil certo?

ps: e essa música por acaso te está a ajudar?"

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E recordar é viver!

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